O SENHOR AGOSTINHO | A gestão do memorial desta geringonça alerta-me para este escrito que aqui botei já lá vão seis anos. Agostinho Ferreira passou pelas principais empresas gráficas da região: primeiro na Litografia Sado, depois nos Armazéns de Papéis do Sado (no local onde agora está A Gráfica - centro de criação artística), e mais tarde fundou a Corlito, com outros colegas de profissão. A sua competência percebia-se nos primeiros minutos de conversa, mas o profissionalismo era provado na maneira como arte-finalizava os trabalhos por nós concebidos. Resolveu dezenas de maquetas minhas. Fomos amigos. Recordo-o com saudade.
Morreu no dia 4 de fevereiro de 2018. Alinhei estas palavras na altura:
AGOSTINHO FERREIRA | Morreu o mestre Agostinho Ferreira. O Paulo Curto deu-me a notícia. O Paulo, mas também o Maurício Abreu e eu sabemos perfeitamente o que este homem representou para as artes gráficas. Cartazes, livros, folhetos e brochuras, muitos dos documentos impressos que um dia passaram pelas mãos e olhos de todos nós, foram "apurados" pelo mestre Agostinho. Fundou, com os seus colegas e amigos Henrique, António e Alfredo, uma empresa que deu cartas em qualidade na impressão gráfica. Num tempo em que os computadores ainda eram ficção científica, Agostinho Ferreira desfazia as nossas angústias perante a representação final de um trabalho. Transferia para as películas transparentes as cores e as formas que a nossa inquietação idealizava.
Parou quando percebeu que as coisas tinham mudado. Reformou-se e passou a fazer a tempo inteiro o que sempre gostou de fazer. Sempre leu. Leu muito. Esclarecido e com opinião, no tempo do velho das botas de elástico foi um antifascista com militância cultural. Sempre com a esquerda. Foi um homem encantador. E foi meu amigo.
Muito obrigado, mestre.