A exposição de Miguel Navas na Galeria Monumental é um caso. Excelente exposição onde a surpresa se instala em cada trabalho. Fazer este percurso esclarece a vontade do artista de olharmos a paisagem percorrendo-a com outros sapatos.
A paisagem observa-nos. Encontramos ali a surpresa. Maneiras inéditas de a representar. Há também influências? Claro, a pintura não nasceu minutos antes de Miguel Navas entrar no seu atelier, mas percebe-se a originalidade. A procura de outros caminhos. Percebe-se a necessidade de representação de uma outra paisagem. Esta paisagem comunica connosco. Apela a uma circulação pela sala. Visitamos os trilhos da originalidade pictórica. As diferenças surpreendem-nos. Encontrar as semelhanças com a realidade é tarefa escusada. Interessa a vontade de descobrir o novo. Há o interesse em olhar o futuro da pintura. O artista pinta sempre o mesmo quadro. As premissas são rebuscadas do interior da mente. Mas hoje é um dia diferente de ontem. Mudamos. Nós é que mudamos sempre e olhamos sempre uma paisagem diferente. Acontece isso quando olhamos esta pintura. Hoje vi as coisas assim: há ali autenticidade, muito trabalho de observação e vontade de transformação. Não existe aqui a piroseira representativa forçada. A parolice da habilidade não faz aqui sentido. A surpresa acontece. Acontece sempre na pintura de Miguel Navas.
O Manuel San-Payo solicitou-me autorização para incluir na folha de sala um texto meu sobre o trabalho de Miguel Navas, publicado aqui dias antes da abertura da exposição. O artista sugeriu isso. Fiquei contente e honrado. O pequeno texto foi lá colocado. Esta opinião completa esse meu olhar. Parabéns, Miguel. E até breve, na Casa Da Cultura | Setúbal.