Artistas visuais e seus camaradas de percurso não podem ficar indiferentes às injustiças. O mundo precisa dos artistas para que a solidariedade e a denúncia do que não é justo se imponham. A Arte não é decoração. A Arte é intervenção. A decoração é para os frustes. O bonitinho que se lixe. Sejamos autênticos. Procuremos a beleza que nos desperta os sentidos. Veneza é um exemplo. Viva.
Partilho um texto de Lawson-Tancred publicado em artnet.com
Um grupo de activistas recém-formado, conhecido como Art Not Genocide Alliance (ANGA), publicou uma petição apelando a que Israel seja excluído da participação na 60ª Bienal de Veneza deste ano. "Não ao Pavilhão do Genocídio na Bienal de Veneza", exige a carta aberta em linha. Até à data, conta com mais de 8.000 signatários. A ANGA descreve-se como um grupo internacional de artistas, curadores, escritores e trabalhadores culturais.
"A Bienal tem-se mantido em silêncio sobre as atrocidades de Israel contra os palestinianos", refere a carta, lembrando que a Bienal e a curadora da 59ª edição, Cecilia Alemani, pronunciaram-se em apoio à Ucrânia após a invasão russa em fevereiro de 2022. "Estamos chocados com este duplo padrão".
A carta descreve a política que envolve o conflito entre Israel e o Hamas, bem como a enorme perda de vidas humanas em Gaza, com o número de mortes recentemente estimado em 250 palestinianos por dia. A Bienal não pode expor na África do Sul desde 1968 até 1993, ano em que o apartheid foi abolido.
"A arte não acontece no vazio e não pode transcender a realidade", lê-se na carta. Enquanto a equipa de curadores de Israel planeia o seu chamado "Pavilhão da Fertilidade", que reflecte sobre a maternidade contemporânea, Israel assassinou mais de 12 000 crianças e destruiu o acesso aos cuidados reprodutivos e às instalações médicas. Como resultado, as mulheres palestinianas fazem cesarianas sem anestesia e dão à luz na rua".