sábado, 27 de janeiro de 2024

Transformações


Morreu Carl Andre. Artista superior. Fazia assim: tirava as coisas de um lado e colocava-as noutro. Mudava tudo, não mudando nada. Se calhar era o nosso olhar que transportava as coisas que ele ía dispondo de um lado para outro. O material era o que lhe aparecia pela frente. Chamaram-lhe minimalista por causa disso. Parecia que uma certa preguiça lhe tomava o corpo. Não era: era uma vontade de transformar não mudando nada. Os seus poemas são projecções de palavras que se tornam superfícies visuais perturbadoras. A grande confusão na obra de Carl Andre percebe-se na gestão que faz dessa confusão. Traduz-se numa serena confusão de elementos visuais, perdoem-me o oximoro.
Foi bem ter vivido no tempo deste artista visual/poeta. Muito obrigado.