Os amigos que partem cedo ficam a pairar na nossa memória. Nestas alturas ficamos com a cabeça em grande turbulência. Chegam a todo o momento imagens das vivências, dos enredos que nos aproximam ou afastam. São os pequenos nadas que fazem as nossas vidas.
Conheci o Rodrigo no meu primeiro emprego. Ele ensinou-me a mexer na "Gestetner" que reproduzia informações e comunicados. Eu fui para lá fazer os arranjos gráficos, as ditas reproduções e outros mandados. Não nos encontrávamos muito depois do trabalho porque eu ía para as aulas. Mas sempre nos demos bem. O Rodrigo desenrascava toda a gente que aparecia a pedir ajuda. Aprendi com ele muito desse saber solidário. Também lá trabalhava a Odete, com quem ele casou e fez a sua vida. Dessa união vieram para a luz do dia o João e o Diogo Ferreira.
Lembro-me do seu hobby de eleição: árbitro de futebol. Eu, que nunca fui em futebóis, achava fascinante aquele envolvimento com as pessoas da bola e com o entusiasmo que dele tomava conta. Relatava essas emoções nas manhãs das segundas-feiras.
Tivemos anos a fio sem nos encontrarmos. Mais tarde, muito mais tarde, quando conheci o Diogo Ferreira e ele me colocou a possibilidade de editar o seu primeiro livro de História, percebi que o Rodrigo era o seu pai. Deu-se um reencontro prazenteiro com o pai Rodrigo e com a mãe Odete, e ainda nos encontrámos algumas vezes, mas pouco. Ele entretanto adoeceu e há três anos que sofria. O Rodrigo Ferreira foi um bom homem. Um bom amigo da sua família e dos seus amigos. Eu gostava muito dele. Este desaparecimento é triste.