Era o outro lado. O lado dos outros. Os do lado de lá. Percebia-se alguma distância, mas também compreensão. Do outro lado estavam os que não chegaram a este lado. Vieram de vários lados em busca de uma vida melhor. Os deste lado é que estavam bem. Eram os príncipes de uma monarquia sem renascença, mas ainda assim com muito bom gosto. Com o gosto dos outros, dos que vinham lá de fora. Este sítio onde viviam uns e outros era um sítio de lado nenhum. Nada dava ares a nada. Uma cópia em pechisbeque de algo que existia no mundo dos ricos sem riqueza.
Uns e outros só perceberam de que lado estavam quando olharam em volta e só viram plástico reluzente de um lado e sobras mal amanhadas do outro. A coisa compôs-se e cresceu quando se percebeu que era o reconhecimento da diversidade que conferia autenticidade às vidas de uns e de outros. A autenticidade de cada cultura quando comunica com outras torna os lugares mais ricos. O cosmopolitismo enriquece as nossas vidas. As vidas de uns e de outros fica do lado melhor.
Luís Ramos pegou nos apetrechos do seu ofício e pôs-se a caminho. O que ele quer dizer com estas fotografias é isto que está escrito aqui em cima. Digo eu, que não tenho certeza nenhuma. Claro que há quem não concorde. Claro que há quem não queira descer dos pelouros instalados pelo preconceito. Mas, que se lixe o preconceito. E os pelouros, já agora.
A exposição abre no próximo sábado, dia 13 de janeiro, às quatro e meia da tarde, na Casa Da Cultura | Setúbal. Apareçam deste lado.