Foi nesta altura do ano que os meus amigos João Paulo Cotrim e António Mega Ferreira deixaram de estar connosco. Respectivamente em 2021 e em 2022. A saudade não se esvai. Nem vou falar disso agora. O poema de Herberto Helder diz tudo.
Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos,
com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
— Temos um talento doloroso e obscuro.
Construímos um lugar de silêncio.
De paixão.