quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Desfile dos indignos

Estas reportagens vão inundar as noites da SIC e da SIC-N. Hoje assistimos ao primeiro episódio. Pelo andar das câmaras a coisa promete. É de não perder, esta representação do que aconteceu a esta gente que mandou cá na terra. São assim uma espécie de meninos de coro mal comportados. Vergonhoso.

O padre confessor do banqueiro abre o desfile. Era convidado para a casa do dono disto tudo, não percebendo como gente tão importante o convidava para as luxuosas recepções. Não se percebe é a excessiva humildade do representante dos céus nos convívios. Provavelmente sentia-se diminuído perante um deus tão poderoso como Salgado. Ainda por cima aquele até existia mesmo.
Depois sucedem-se as declarações compremetedoras — umas mais do que outras, é certo — para aquela chusma de habilidosos, reveladas nesta excelente reportagem registada por Pedro Coelho, Filipe Teles, Micael Pereira e Paulo Barriga. A certa altura Ricardo Salgado revela que é preciso "preparar Durão Barroso". E foi preparado. A gente sabe até onde foi a preparação. Cavaco esclarece que Barroso foi o português que foi mais longe, com este por perto todo babado. João Duque não esconde o fascínio pelo à-vontade do mestre financeiro: não andava, deslizava. Era um príncipe.
Fernando Negrão "nem queria acreditar que o banqueiro um dia quis falar com ele". O homem flutuou até ao gabinete de Salgado na Avenida da Liberdade. Tanta humildade comove. Que emoção. Muitos pequenos e médios políticos desfilaram nesta reportagem: Sócrates, Pinho, Miguel Relvas, Rebelo de Sousa... Enfim, gente importante, como diria o padre. Importantes trastes, digo eu. Mesmo no final, o actual Presidente é apanhado a mentir com os dentes todos. Um hábito que lhe vem de pequenino.
Todos se renderam ao fascínio daquele príncipe de um principado onde os truques financeiros eram decreto. Eu, que sempre achei que o homem era um tatibitate, não consigo perceber o fascínio por esta monarquia financeira. Mas eu sou um simples republicano que sente os torrões por baixo das solas dos sapatos. Não deslizo.







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