Procuradores pedem, com sucesso, condenação de quem condena nazis/racistas. Procuradores derrubam um governo eleito com maioria absoluta. Procuradores já desempenharam papéis semelhantes pedindo condenações de pessoas que, depois de muita tinta impressa e de muito idiota útil em grande actividade, ficaram em águas de bacalhau.
As figuras tristes da justiça sucedem-se. Estas atitudes dos senhores e das senhoras da justiça portuguesa, mesmo quando tudo fica em águas de bacalhau, resvalam para o esquecimento e para a irrelevância. Os acusados ficam acusados para sempre nas mentes das cabecinhas ocas que relativizam o perigo da extrema-direita. A democracia é que perde sempre. Os execráveis líderes dos partidos de extrema-direita com representação no parlamento já vieram ditar o seu ódio. Os comentadores televisivos de direita — são quase todos — andam em grande rebuliço. Estes inventores de factos já clamam por dirigentes ditos carismáticos como grandes salvadores. O líder actual do PPD/PSD não colhe simpatia nos direitolas mais agressivos. Não é suficientemente populista. O sinistro Passos Coelho já anda em bolandas nas bocas e mentes das criaturas que vomitam fel. Estão sedentos de poder. Babam-se e fedem. A direita e a extrema-direita vêm aí. Não vai ser bom de ver, de ouvir, de sentir. Mas há quem não se importe nada com isso. É o caso da Justiça Portuguesa. Não, não podemos confiar na Justiça Portuguesa.
Imagens: capa de José Brandão para o álbum Coro dos Tribunais, de José Afonso.