HÁ TERRA NA TERRA | Há exposições que percorremos como se fossem uma janela para ambientes que se imaginam. Imagens que espevitam o nosso interior, colocando-nos em intenso reboliço. São melhores as exposições que nos fazem pensar, que nos despertam ou informam os sentidos. Mas que também trazem a surpresa, o deleite da descoberta da coisa nova. A Arte é isso que nos esclarece. Suscita a duvida que nos faz estremecer. A habilidade é para os habilidosos, e a vontade de mostrar habilidades é para os contadores de anedotas.
Muitos pensamentos foram acrescentados às minhas preocupações pessoais ao visitar esta exposição "Terra Mineral - Terra Vegetal" de Duarte Belo. São percursos, pedaços de terra, rochas, galhos, trilhos, em composições ditadas por uma geologia que parece cenográfica. E é. O talento da Natureza é tratado pelo olhar de Duarte Belo com grande maestria e sofisticação. Natureza que se impõe em tronos de grande nobreza ecológica: não destruam estas dádivas. Tudo o que observam tem a duração de muitas vidas, de muita incursão dos elementos. O que estas imagens revelam são preciosidades trazidas ao nosso olhar pelo olhar singular deste fotógrafo que resolveu gritar em silêncio: isto existe e é para ser olhado com respeito. Esta interpretação causa inquietação, mas fornece-nos ferramentas para respeitarmos a Natureza. Imagino que seja essa a maior alegria de Duarte Belo.
Percorrer estas salas da galeria da Biblioteca Nacional é um prazer sem fim. Apetece ir morar ali durante um bocado do tempo. Saímos da grande cidade quando ali entramos. E tudo isto se dá tão bem.
Muito obrigado, Duarte Belo.
Hoje, dia 15 de setembro, às 17H30, há uma visita guiada com a presença do autor. A exposição encerra no dia 29. Acreditem, é mesmo imperdível.
TERRA MINERAL - TERRA VEGETAL
Fotografia/Instalação
Duarte Belo
Biblioteca Nacional. Campo Grande, Lisboa.
Até 29 de setembro.