Os lugares já existiam antes de os povoarmos. E vão continuar a mudar mesmo depois de sairmos desta vida. São portanto mais importantes do que nós. Mudam sempre. São as interpretações das realidades que provocam a curiosidade.
A curiosidade que desperta o sentir o desejo de percebermos essas realidades. Tecemos linhas de orientação. Traçamos espaços de convivência. Alargamos a vontade de nos emocionarmos com as realidades construídas. Ou talvez interpretadas. Passamos a vida a fazer desenhos que depois se perdem ou diluem nas águas que passam pelos riachos das memórias atormentadas. Queremos atingir a felicidade, mas pelo caminho encontramos as pedras deixadas para trás pelos desesperados sem rumo. Desenhamos sempre novos mapas, é certo. Insistimos nisso. O desenho nunca sai igual, tal como uma canção nunca é cantada da mesma maneira quando é repetida. Os artistas que cantam sabem isto muito bem. Os artistas que desenham também. O suporte é sempre reflexo da atitude do momento. Todos vivemos os pequenos momentos que tentam encontrar um fito. Queremos mostrar ao mundo que é aquele o momento. Quem desenha não sabe bem se o encontrou. Quem observa muito menos. Estas TESSITURAS de Catarina Aguiar representam os métodos encontrados para uma representação que parece estar nos trilhos de uma feliz caminhada. A belíssima exposição que nos apresenta na Casa da Avenida revela a honestidade da procura e a noção da realidade existente. Realidade em que se observa beleza, rigor, tranquilidade e inquietação. Estranha interpretação? Nem por isso. É vontade de ver mais.