terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Exterminar a diferença


O fascista que se senta no parlamento como deputado, chamou bandidos a uma família que evidentemente não votou nele. É gente diferente da sua gente. O fascista que se senta no parlamento acha que isso é coragem — é a esta profunda indelicadeza e má educação que os fascistas classificam de "chamar os bois pelos nomes", com certeza —, quando de facto não passa de uma expressão criminosa. 

O fascista, porque é um fascista, não percebe que não pode dizer tudo o que lhe vem à cabeça só porque uns fascistas — se calhar é exagero meu: são só ignorantes de estranho carácter —, cometeram a infeliz proeza de lhe permitir proferir alarvidades no parlamento. Acontece que vivemos em democracia e o dito fascista foi condenado por difamação. Recorreu. Recurso recusado. Agora diz-se injustiçado, o parolo fascista. Sim, esta criatura não passa de um parolo sem qualquer nível intelectual ou político. Lança atoardas contra a suposta diferença por ele apregoada, que ressoam nas cabecinhas ocas dos fascistas — ou lá o que são aquela gente inenarrável — que nele votaram. As figuras tristes que faz não causam compaixão, mas sim repulsa. A diferença incomoda esta gentalha. Não percebem que é a diferença que alimenta a democracia,  porque não são democratas. É mesmo isso. O que resta são atoardas de gosto duvidoso.

Fotografia: Marcha fascista sobre Roma que ocorreu de 26 a 28 de outubro de 1922 e tornou-se o evento até então mais emblemático do fascismo italiano. Mussolini é o espalhafatoso do centro da imagem.

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