Aristides Sousa Mendes está no Panteão Nacional. Perdão, ficou lá instalada uma placa porque o próprio sempre desejou ficar enterrado na sua terra. É lá que está.
Mas, enfim, a homenagem fez-se. E os panteões ficam com o que merecem. Nas notícias sobre a evocação foi referido que Salazar nunca perdoou ao diplomata. O ditador que se gabava da neutralidade era tão neutro como a mordidela do escorpião. Era a sua natureza. Lembrei-me de imediato de Cavaco Silva e da recusa em conceder uma merecida pensão a Salgueiro Maia, preferindo entregá-la a dois nojentos agentes da PIDE. Cavaco, o sempre atento político que finge não o ser mas nunca foi outra coisa, sempre recusou encarar a realidade que se impõe à sua limitada cabecinha. Considerou Nelson Mandela um terrorista num tempo em que o mundo tinha outra opinião. Cavaco tem sempre opiniões sinistras sobre tudo e todos. É como Salazar.