Da série Grandes Capas
O teletrabalho tornou-se a maneira mais segura e económica de trabalhar. Segura para o trabalhador: não se arrisca a contactos e contágios. Económica para o empregador: reduz custos efectivos. Ou seja, assim de repente parece ser o futuro do trabalho intelectual, administrativo ou de gestão. O ideal é ir tudo para casa e trabalhar de pijama. Até se poupa na vestimenta. Os encontros via zoom, ou em outras plataformas cada vez mais eficazes, são a grande sala de reuniões da grande multinacional.
O teletrabalho não é novidade para mim. A minha área de trabalho não necessita de ser frequentada fisicamente com insistência diária. Há anos que ando nisto. Mas agora, nesta altura em que o teletrabalho é a solução para todos os males, começo a sentir a falta do outro. Do encontro ao almoço, do copo ao fim da tarde, do lançamento, da abertura da exposição onde se encontram os amigos e os amigos dos amigos. Não se vê um fim disto. Não se encontra uma solução. A revolução tecnológica fornece-nos o teletrabalho apenas. Esperemos que não se torne qualquer coisa aparentada a uma telescravidão. Esperemos que a geração que desponta para o trabalho durante esta pandemia, venha um dia a conhecer o prazer de estar com alguém a trabalhar. As pessoas devem de estar em primeiro lugar, muito antes do trabalho, e muito antes ainda do teletrabalho. As pessoas precisam de estar umas com as outras. O trabalho só é um prazer quando o outro também está a trabalhar ali ao lado. Vamos beber um café?