domingo, 14 de março de 2021

Fernando Pinho








O QUE EXISTE NA VIDA | Em Maio de 2019, Fernando Pinho expôs na Casa da Cultura, Setúbal. Chamou à mostra Anatomia de uma Espera. Curadoria e design expositivo por minha conta. O trabalho que me apresentou era imenso em quantidade e qualidade. Propus que a representação fotográfica fosse compósita: quatro imagens em
conjugação em cada emolduramento. Resultou numa belíssima exposição, de elevada inteligibilidade, sem pretensões documentais (não era isso que se pretendia), mas com realce para o sentir sensível que Pinho revela nas suas fotografias. Esta exposição deverá ser mostrada novamente num sítio perto de si. Tem de ser. Estamos a tratar disso. O trabalho de Fernando Pinho merece sempre revisita, e nós também merecemos conviver com o seu trabalho. E com ele. 

Para a ocasião justifiquei o que vi com este modesto textinho para a folha de sala:

O que sobra existe. O que resta é a recordação do que existiu em vidas e seus sustentos. Às vezes as coisas ficam ali à espera de outros usos, de outras vidas. A matéria transforma-se. As vidas mudam. O que sobra revela esperas e esperanças. O que existe na vida. As imagens fixam o que fica, para além das existências. O fotógrafo regista vidas e o que delas sobra porque o que sobra também existe. A objectiva é redonda e é movimentada para obter o momento único. Mas chega de conversa redonda. Estas fotografias dispensam-na.

Um abraço, Fernando.

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