segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Os garganeiros

Não sou apologista da teoria de que cada povo tem características que o definem. Claro que existem circunstâncias que condicionam comportamentos. "Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão".

Mas isso acontece onde não há nada que se mastigue. Que é como quem diz: onde não há o mínimo de condições para uma existência digna. A fome e a miséria extremas não dão saúde mental nem moral a ninguém, nem permitem grandes demonstrações de dignidade. Seja em Portugal no tempo de Salazar, em Inglaterra nas descrições de Dickens, em Espanha durante o franquismo, ou nas ex-colónias no tempo da ocupação. As pessoas resistem ou adaptam-se ao que existe. O limite é a decência. A balbúrdia que está a provocar a atitude dos garganeiros das vacinas é reprovável em qualquer lado. O "salve-se quem puder" não tem justificação numa república civilizada. Em tempo de agressiva pandemia, não se pode admitir o despotismo do chico-espertismo. Seja em Portugal ou noutro lado qualquer. É bom que se demitam e sejam julgados os responsáveis. A irresponsabilidade tem de ter consequências. Pela nossa dignidade colectiva.

Fonte Sic Notícias

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