quinta-feira, 21 de novembro de 2019


ALEGRIA DA CRIAÇÃO | Despedimo-nos de José Mário Branco, hoje, na Voz do Operário. Momento emocionante. Aplauso longo, seguido do canto de Grândola, Vila Morena. Canto sussurrado. Bem cantado. A emoção a invadir-nos. Da cabeça aos pés. Enquanto as estrofes se ordenavam nas vozes e nos corações de tanta gente presente, eu imaginei a concepção daquela música que tanto amamos. Como surgiu a ideia dos passos no cascalho. As trocas de impressões sobre arranjos e melodias. Imaginei a alegria da criação. Transformei a minha homenagem pessoal em aprendizagem. E ali estava eu, com José Afonso, Zé Mario, Fanhais. Estava com eles a pisar a gravilha/instrumento. E que feliz estava agora ali com tanta gente viva, de lágrimas nos olhos. Recordá-los, transmite-nos uma sensação em que se misturam a tristeza e a alegria. É gente que nos fez viver melhor, e que nos faz tanta falta. Gente que está viva também na nossa memória. Não morreram, não. Estão vivos e continuam a cantar as nossas emoções: vitórias, derrotas, amores, combates.
Entretanto, um pouco mais ao lado, dizem-me que gentalha do CDS/PP e do PPD/PSD ofende a memória de José Mário Branco nas redes sociais. Também parece que houve para aí uma manifestação de uns energúmenos da extrema-direita polvilhada por agentes das polícias.
Há coisas que a gente aprendeu quando a democracia começou: A extrema-direita é fascista. E o fascismo não é opinião. Não se respeita. O fascismo é crime. E combate-se. Mas há quem alinhe neste desalinho. Como cantou o Zeca: há quem viva sem dar por nada. Há quem morra sem tal saber.