CLAUSTRO DAS MARIMBAS | Daniel Barenboim escreveu um livro para os "espíritos curiosos que tenham o desejo de descobrir os paralelos entre a música e a vida". Deu-lhe como título Está Tudo Ligado e como subtítulo O Poder da Música. A Catia juntou um raminho de músicas num disco que nos mostrou este domingo, no claustro do belíssimo Convento de São Paulo, ali muito perto da serra da Arrábida e do rio Sado. Chamou-lhe Rua das Marimbas e assinou a garota não. O cd é de ouvir e pedir mais. O espectáculo de apresentação foi uma ligação à vida pela via musical, como pretende Barenboim. A vida de Cátia é também a nossa vida: conceitos, referências, ambições, lutas, surpresas, amores, desgostos, desamores sem rancores. Citando Pessoa — figura agraciada no concerto — sentir sinta quem lê. E quem ouve, acrescento eu, se me permitem. É facto: estamos todos nas letras que esta cantautora nos fornece. Não é por acaso que uma referência calorosa a José Afonso ecoou no claustro. Vou dizer isto de outra maneira: A Garota faz estas músicas — ela e todos os músicos com vontade de perceber realidades — também porque José Afonso existiu. José Afonso acrescentou sonoridades novas à música que por cá se fazia numa altura em que intérpretes femininas francesas e anglo-saxónicas experimentavam falar da vida e da vontade de ser gente. Lembrei-me tanto delas ao ouvir a Cátia. Mas atenção: África também anda por ali. Marimbas ao alto, mesmo sem presença física.
Esta apresentação deslumbrou e emocionou. Sou suspeito, é certo. Eu gosto muito da Cátia. Mas acreditem que isso não vem agora à baila. O CD está muito bem produzido, os vídeos promocionais têm muita graça, e este concerto foi muito bem cantado e tocado. Tocante.
Esta apresentação deslumbrou e emocionou. Sou suspeito, é certo. Eu gosto muito da Cátia. Mas acreditem que isso não vem agora à baila. O CD está muito bem produzido, os vídeos promocionais têm muita graça, e este concerto foi muito bem cantado e tocado. Tocante.