domingo, 2 de dezembro de 2018


A EXCELÊNCIA E DO GOSTO | Três performances que se desenvolvem à volta de três microfones. Três maneiras de experimentar o corpo como intérprete de atitudes e dúvidas do dia-a-dia, logo, preocupações maiores. O ser humano — Andresa Soares, Máquina Agradável — como veículo dessa eficaz interpretação. O corpo percebe os limites, mas tenta excedê-los. Quer contar a história até ao fim. Foi muito bom.
Jorge Humberto apresentou-se na sala ao lado, com o seu instrumento de cordas, para a segunda prestação desta nova ideia a desenvolver na Casa Da Cultura | Setúbal. Começa por se apresentar como compositor de música tradicional. Percebe-se que é assim, mas percebe-se também que experimenta. Anda à procura de uma sonoridade que o surpreenda a ele primeiro, para depois nos ser fornecida. Quer esquecer a ideia de que é a saudade que nos move. Quer ousar. Procurar o mundo. Descobrir a autenticidade dos lugares para ser um artista inteiro. Surpreender-se. Jorge Humberto quer ser um homem do seu tempo, que de príncipes renascentistas está o mundo cheio. Ainda por cima príncipes e princesas de pechisbeque. Está a conseguir. Espectáculo acústico de grande qualidade artística e calor humano.
Foi isto que aconteceu ontem cá na Casa, preenchendo esta nova iniciativa — Duplicidade — e permitindo que se diga: aposta ganha. Até breve.
Fotografias de Fernando Pinho

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