PELA SOMBRA | O homem sai de cena zangado. Nunca quis acreditar no que lhe estava a acontecer. Um sonho que se dissolve na poeira dos dias. Uma vida a trabalhar para isto e agora dá nisto. Há quem ache que lhe devemos agradecer. Mas... Agradecer o quê? O trabalho que realizou na jota do partido sempre com o olho no poder? A actividade profissional de duvidosa ocupação e eficácia? Os quatro anos de governo em que "ajustou" para além do que lhe era pedido? A retórica vazia e chata sempre à procura de justificações para o injustificável? O ressabiamento imbecil? Sinceramente não sinto que tenha de agradecer nada disto. Agradeço, isso sim, que se vá embora. Mas sem ressentimentos. Vá pela sombra, que o sol continua quente. Não desejo mal a ninguém.
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