quinta-feira, 21 de abril de 2016























ÉS CRAVO | Foi este título que o Bruno Reis Santos — Lord Mantraste — e o Vitor Reis escolheram para título da exposição que abre hoje à tarde. O Bruno sugeriu que eu fizesse um texto para embrulhar a coisa. E eu fiz o texto com muito gosto. É este:

— A gente queria ser livre. A gente queria ser como os outros, que viam os filmes que queriam e liam os livros que a gente não podia. A gente sabia que esses filmes e esses livros existiam, mas agarrá-los? A nossa vida não era um mar de rosas. Isto era um molho de bróculos. Um molho de cravos não é um molho de bróculos. Esta conversa faz-me lembrar uma história. Vou contá-la. Quando foi da liberdade, naquele dia de Abril, uma senhora que vendia flores, percebeu que os soldados estavam a mudar a nossa vida e vá de os encher de cravos. A moda pegou e agora todos os anos por essa altura a malta pega em cravos e mete-os por todo o lado. E faz cartazes com cravos. E esculturas. E os poetas fazem textos com cravos lá dentro. Parece que toda a gente ficou escrava dos cravos. Acontece que não temos que gramar os cravos à força. Não são os cravos que se comemoram. É a nossa libertação que se festeja. A nossa vontade de vermos os filmes, de lermos os livros e de ouvirmos a música que nos apetecer. E de fazermos os desenhos que nos der na gana. A gente ilustra a liberdade como quiser. É a nossa liberdade. 

Ah, é verdade, O Bruno é um dos ilustradores que participam na Festa da Ilustração - Setúbal, no próximo mês de junho.

Apareçam. Até logo. 
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