A SOLIDARIEDADE É UM LUGAR PERIGOSO | Não aprecio "descascas" ao vivo e a cores nas redes sociais. Este lugar é de convívio, de opinião e, em principio, de paz. Nunca o fiz, nem "façarei", como diria aquele turista que vai passar uns dias à Madeira. Mas há quem adore corrigir. Já não falo nas correcções salazaristas — naquele tempo nada disto acontecia —, ou nos apelos ao que vale a pena — falam disto em vez de estarem preocupados com aquilo. Falo dos apelos a que tudo sempre seja manifestado. À generalização da solidariedade. Nada de esquecimentos. Ouvi alguém dizer — nas televisões, sempre nas televisões — que desta vez foram inocentes que morreram. Como se no Charlie Hebdo estivessem culpados a executar. Logo, agora sim, a solidariedade justifica-se. Mas atenção: ou referem todas as geografias ou vão dar banho ao cão. Parece que há uma contabilidade da solidariedade. A minha bandeira tem mais mortos do que a tua. Como se um morto não bastasse para sermos solidários. E como se não fosse o nosso próprio secretariado a escolher a solidariedade que entendermos. Pronto, é só a minha opinião. Não vale a pena atirarem-me com os ovos podres do politicamente correcto. E peço desculpa por não concordar com as generalizações sempre e a toda a hora. Até porque, por principio, solidarizo-me com todos os atropelos à liberdade e ao direito à existência. Mas um de cada vez. Conforme vão, infelizmente, acontecendo. Agora, Paris dói. Muito.
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