terça-feira, 6 de outubro de 2015



ARCO DA DESORIENTAÇÃOGeneralizou-se a ideia de que existe um intocável arco da governação. Políticos e comentadores insistem nessa limitada premissa. O maior desejo de um candidato a primeiro-ministro é a obtenção de maioria absoluta. Como se fosse essa a solução para todos os males. Os partidos que não cabem nesse arco são tratados como rebeldes e irresponsáveis. Estamos perante mais uma originalidade da democracia portuguesa. Claro, acertaram, vi o Borgen na RTP2. Mas todos sabemos que a negociação para a formação de governos se faz daquela maneira em muitos países. Países onde a democracia funciona e recomenda-se. Mas há exemplos mais recentes. Quando, na Grécia, venceu um partido de fora do famoso arco, os comentadores ficaram brancos de espanto. Que horror, venceram os radicais de esquerda. Pobres gregos. Provavelmente pensou-se que a partir daí toda a gente era obrigada a comer com as mãos. Ou a cantar a Internacional antes das refeições. Vinham aí grandes alterações dos comportamentos. Deu-se a grande desilusão. Política, em democracia, é conflito e compromisso. É negociação. E é isso que a torna fascinante e útil.
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