MARIA CLEMENTINA - 80 ANOS | Naquela época fazer teatro era subversivo como tudo o que questionava o estabelecido e indagava a vida e a realidade. Formavam-se grupos de teatro para “desfazer” essa realidade minada. Criavam-se colectividades de cultura e recreio que se transformavam em autênticos fóruns de debate e de divulgação de conhecimento. Tudo era um risco. A cidade e o país estavam minados de situacionistas ferozes que denunciavam e levavam à prisão quem desafiava o seu poder apologista da ignorância.
Maria Clementina esteve na fundação de grupos de teatro. Juntou-se a quem estava disponível para fazer frente à repressão e à anulação de cultura. Gente com vontade de reagir, de desmontar a engrenagem. Gente como Carlos Ferreira, Carlos Rodrigues (Manel Bola), Jasmim Rodrigues da Silva (Miguel de Castro), Odete Santos, Agostinho Ferreira, Dores Rodrigues, Fernando Guerreiro e muitos outros puseram ideias em movimento.
Nasceu assim, primeiro A Ribalta, depois a Teia. Grupos de teatro amador, percussores do que muito mais tarde se veio a chamar teatro independente. Independente do mofo instituído pelo sentir bafiento, triste e regulador da tal realidade assente na caridadezinha e na vida possível graças a deus. Mais tarde, por convite de Carlos César, foi profissional no TAS.
Mas Maria Clementina é acima de tudo cidadã atenta. Intervém. Não suporta injustiças e dá cara e corpo à contestação.
Foi sindicalista, milita politicamente. A política não queima a ponta dos dedos. Não é máquina de enleios e oportunidades. É vontade de mudar a vida das pessoas. Esta homenagem que agora fazemos à mulher de cultura é também uma forma de dizermos não à asfixia dos novos tempos. Maria Clementina faz oitenta anos. Está bem viva e interventiva como sempre.
Parabéns, Maria Clementina.
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Maria Clementina esteve na fundação de grupos de teatro. Juntou-se a quem estava disponível para fazer frente à repressão e à anulação de cultura. Gente com vontade de reagir, de desmontar a engrenagem. Gente como Carlos Ferreira, Carlos Rodrigues (Manel Bola), Jasmim Rodrigues da Silva (Miguel de Castro), Odete Santos, Agostinho Ferreira, Dores Rodrigues, Fernando Guerreiro e muitos outros puseram ideias em movimento.
Nasceu assim, primeiro A Ribalta, depois a Teia. Grupos de teatro amador, percussores do que muito mais tarde se veio a chamar teatro independente. Independente do mofo instituído pelo sentir bafiento, triste e regulador da tal realidade assente na caridadezinha e na vida possível graças a deus. Mais tarde, por convite de Carlos César, foi profissional no TAS.
Mas Maria Clementina é acima de tudo cidadã atenta. Intervém. Não suporta injustiças e dá cara e corpo à contestação.
Foi sindicalista, milita politicamente. A política não queima a ponta dos dedos. Não é máquina de enleios e oportunidades. É vontade de mudar a vida das pessoas. Esta homenagem que agora fazemos à mulher de cultura é também uma forma de dizermos não à asfixia dos novos tempos. Maria Clementina faz oitenta anos. Está bem viva e interventiva como sempre.
Parabéns, Maria Clementina.