domingo, 1 de junho de 2014

PASSEIO DOS ALEGRES | Quando eu era rapaz, Júlio Isidro passava as tardes de domingo a divulgar coisas que valiam a pena: cantores, grupos de teatro, artistas plásticos e mais uns humores de circunstância muito bem apanhados. Herman José começou ali a gatinhar no humor televisivo. Vi poucos programas. Adolescente profissional, claro que preferia os convívios fora do sofá. Mas hoje, ao passar os olhos pelos canais, percebi que a programação televisiva piorou substancialmente passados mais de trinta anos. Fiquei com saudades de Júlio Isidro. Aquilo é deprimente. Um desfile de actores de revista e apresentadores sem graça aos pinotes. Uns concursos de sorte e azar aplicáveis a feira de subúrbio. Cantores manhosos e cantoras que parecem saídas de um bar de alterne. Culturalmente, a televisão regrediu e de que maneira. E isso explica muita coisa. Enquanto os avanços tecnológicos nos aligeiram a vida, o brinquedo que está mais à mão é o preferido das massas. E este pessoal consome o que dá umas massas aos fornecedores televisivos. É por isso que o indescritível João Baião é transferido de um canal para outro como um craque. É o craque da estupidez e do gosto duvidoso. Mas há mais. Muitos mais. São lixo sem reciclagem nem nada. E as estações televisivas são esgotos em horário aberto. O melhor mesmo é esquecermos aquela alegria triste. Há tanta coisa proveitosa para se fazer graças ao avanço tecnológico. Graças à vida.
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