UM POVO QUE GOSTA DE SOFRER? | Uma grande percentagem de portugueses que responderam a um inquérito sobre a seriedade na política, concorda que os políticos da ditadura eram mais honestos e sérios. Estas revelações tiram-me do sério. Estes inquéritos merdosos valem o que valem: nada. Mas as respostas causam preocupação. Os políticos do Estado Novo eram naturalmente desonestos. Protegiam-se uns aos outros e eram protegidos pelo sacerdote do proteccionismo, o filho da puta maior: António de Oliveira Salazar. Não há seriedade numa ditadura. A não ser a séria aplicação da repressão. Quem acha que a ditadura era frequentável é quem não tem a mínima curiosidade intelectual, nem tem a mínima noção do que é viver em sociedade. Há quem exclame que sempre disse o que entendeu e não sofreu nada com isso. Resta acrescentar que quem isto diz nunca tem nada para dizer, ou então diz o que os regimes repressivos querem ouvir. Coisas do tipo: "a política é para os políticos" ou "deixem-nos governar". E uma ditadura não proíbe apenas o que se diz, proíbe o que se quer conhecer. Proíbe tudo o que coloca em risco os privilégios dos que proíbem. O que os políticos actualmente no poder defendem é excessivamente mau. Muito próximo do que defendiam os fascistas depostos em 25 de Abril de 1974. O que os portugueses interrogados neste inquérito defendem causa preocupação. Tenho vergonha de uns e de outros.
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