segunda-feira, 2 de setembro de 2013

OPINIÕES. DECISÕES E PANINHOS QUENTES | Esclarecimento: não me alegra a morte de nenhum ser vivo. Mais: durante os quatro dias de férias que passei na Costa Vicentina, salvei duas criaturas da morte: um grilo distraído que entrou por um supermercado adentro e uma espécie de escaravelho (lindíssimo, por sinal), que esperneava, desesperado, de patas para o ar, na areia da praia. Tenho testemunhas. Não costumo lançar foguetes, nem impropérios perante o anúncio de uma morte. Bem, há umas pulgas que se põem mesmo a jeito, mas aí estou como o Sérgio: eu matar não gosto muito/mas saudades é diferente/como matar pulgas/alivia a gente. A morte de um ser humano nunca deve ser motivo de comemoração. Mas também não alinho com a ideia da grande coragem, frontalidade ou simples expressão de ideias de gente que, ao expô-las, está a interferir na vida de todos nós. Essa ligeireza incomoda. A opinião de Passos Coelho sobre a Constituição, as ideias de Moedas, ou as corajosas atitudes de António Borges sobre como deve ser a política que gere as nossas vidas, não são meras opiniões - interferem mesmo nas nossas vidas. Não falamos de lana caprina. Falamos de gente que decide. A expressão de opiniões excede, muitas vezes, quando o opinador tem poder, o exercício da expressão democrática. Transforma-se em decisão. O que eu aqui digo vale o que vale. Ou seja: pouco. Mas é a minha forma de fazer política. Agora, as opiniões de Borges sobre o que deve ser a minha vida, ou as diatribes de Passos Coelho ameaçando o Tribunal Constitucional, perante a alegria de um pequeno grupo de jovens imbecis, tem a importância de ele ser primeiro-ministro de um país. Vão portanto ter opiniões bem longe. Ele e os jovens imbecis que o aplaudem.
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