O FASCISMO É UMA VÍBORA | A ligeireza de verão deu comigo espantado perante as exuberantes entretengas televisivas. Há locutores manhosos em barda. Cantorias ridículas. Anúncios de uma orgulhosa foleirice nacional. Concursos que levam ao rubro plateias de imbecis. Ainda há pouco andavam cobras à volta de umas raparigas que cantavam para anular o incómodo da presença dos répteis. Gente crescida assiste como se tudo isto fosse a coisa mais normal e divertida do mundo. O tempo de contemplação esvaiu-se rapidamente. Vim para as notícias online. Percebo então que o indescritível cónego Melo vai ter estátua na terra onde praticou as mais afamadas malfeitorias. Confesso que ainda pensei voltar para as cobras televisivas. Estamos no verão, ninguém leva a mal. E mal por mal, antes as víboras verdadeiras que a natureza nos reservou. Agora a sério: isto um dia ainda vai ser um lugar decente, não vai?
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