quinta-feira, 20 de junho de 2013

AS PEQUENAS HISTÓRIAS DA GRANDE HISTÓRIA | Tem sido sempre assim. Primeiro dizem que está tudo num reboliço. Que não há meio de se acertarem as contas. Que há uns privilegiados a viver à conta do orçamento. Que o Estado protege excessivamente a cultura. Que o país não aguenta a boa vida dos seus habitantes. Que afinal o capitalismo popular não existe - foi uma coisa metida indevidamente na cabeça do povo. Que os bancos emprestaram dinheiro à toa e que eles não têm nada a ver com isso.
Vamos lá pôr a casa em ordem. Como se um país fosse uma casa de família. Como se uma família cobrasse impostos e tivesse ajudas de custo. Depois do leite azedo derramado pedem contenção. Fazem um pequeno aumento de impostos. Classificam greves como justas mas irrealistas. Fazem um enorme aumento de impostos. Ameaçam com a insegurança da Segurança Social. Ameaçam jornalistas desalinhados. Processam-nos. Classificam as greves como injustas e prejudiciais. Mandam agredir em nome da estabilidade. Prendem e julgam quem diz o que toda a gente diz ou tem vontade de dizer. Ameaçam alterar leis que não lhes dão jeito nenhum. Esclarecem que o desemprego galopante é coisa de somenos: previsto para as correcções em curso. Colocam uns comentaristas de serviço nas televisões e nos jornais a falar das fatais inevitabilidades.
Acabam por pedir contas à democracia. Largam uns macacos no Parlamento para questionarem a utilidade do próprio sistema democrático. Despedem a política. Admitem a contabilidade como prioridade do Estado. Dispõem-se a proteger quem já tem tudo, nem que para isso seja preciso acabar com quem só tem a sua vida.
Quando algo assim começa a acontecer em catadupa, o que é que se pode chamar aos seus mentores? Fascistas, não?
Ah, pois, fascistas não. É excessivo.
Mas então o que é que se pode chamar a esta tropa de choque?

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