MUITO CÁ DE CASA | Fernando Rosas deu lição. Brilhante. António Ganhão apareceu e disse o que achou. É esse texto que se segue:
O professor Fernando Rosas apresentou o seu último livro “Salazar e o Poder – A arte de saber durar.” O historiador Albérico Afonso moderou o debate que se seguiu tendo destacado o fato desta obra destruir alguns dos mitos sobre o Estado Novo, como a “facilidade” com que a ditadura, em 28 de Maio, assumiu o poder. Referiu ainda que estas obras, não apologistas do regime, são fundamentais no esclarecimento de um período histórico que nos marcou durante mais de meio século.
Segundo o autor, o livro divide-se em três partes: o que pensava Salazar sobre a política (caindo o mito que Salazar vivia acima das questões políticas), como chegou ao poder e finalmente como conseguiu manter-se no poder durante tantos anos.
O paralelismo com a situação actual era inevitável. Fernando Rosas citou o “Eu não fui eleito para coisíssima nenhuma” de Vítor Gaspar para ilustrar o primeiro degrau de entendimento da política por parte do Estado Novo. Para Salazar o primeiro nível político era o da governança que era técnico e devia ser confiado aos técnicos, dispensando-se a participação dos cidadãos (que não tinham de ser ouvidos) ou dos seus representantes (o parlamento não se devia preocupar com este tipo de assuntos).
Também Vítor Gaspar se considera um “técnico em exercício” fazendo o que é preciso para o bem da nação, mesmo que esta nação não o entenda e, até mesmo, rejeite em uníssono essas políticas - esquecendo-se que, em democracia, o governo é uma emanação da vontade popular expressa nas urnas.
Foi uma lição de história, estruturada, bem fundamentada e com sentido de humor que assistimos ontem na Casa da Cultura de Setúbal. O debate que se seguiu foi vivo e mais alguns aspectos históricos do Estado Novo foram esclarecidos. E, a bem da Nação, mais não digo.
António Ganhão
O professor Fernando Rosas apresentou o seu último livro “Salazar e o Poder – A arte de saber durar.” O historiador Albérico Afonso moderou o debate que se seguiu tendo destacado o fato desta obra destruir alguns dos mitos sobre o Estado Novo, como a “facilidade” com que a ditadura, em 28 de Maio, assumiu o poder. Referiu ainda que estas obras, não apologistas do regime, são fundamentais no esclarecimento de um período histórico que nos marcou durante mais de meio século.
Segundo o autor, o livro divide-se em três partes: o que pensava Salazar sobre a política (caindo o mito que Salazar vivia acima das questões políticas), como chegou ao poder e finalmente como conseguiu manter-se no poder durante tantos anos.
O paralelismo com a situação actual era inevitável. Fernando Rosas citou o “Eu não fui eleito para coisíssima nenhuma” de Vítor Gaspar para ilustrar o primeiro degrau de entendimento da política por parte do Estado Novo. Para Salazar o primeiro nível político era o da governança que era técnico e devia ser confiado aos técnicos, dispensando-se a participação dos cidadãos (que não tinham de ser ouvidos) ou dos seus representantes (o parlamento não se devia preocupar com este tipo de assuntos).
Também Vítor Gaspar se considera um “técnico em exercício” fazendo o que é preciso para o bem da nação, mesmo que esta nação não o entenda e, até mesmo, rejeite em uníssono essas políticas - esquecendo-se que, em democracia, o governo é uma emanação da vontade popular expressa nas urnas.
Foi uma lição de história, estruturada, bem fundamentada e com sentido de humor que assistimos ontem na Casa da Cultura de Setúbal. O debate que se seguiu foi vivo e mais alguns aspectos históricos do Estado Novo foram esclarecidos. E, a bem da Nação, mais não digo.
António Ganhão