sábado, 22 de dezembro de 2012



É OBRA | José Afonso honrou, com as suas adaptações, cantigas que alegraram o povo. Criou novas sonoridades. Dignificou a música portuguesa. Influenciou os grandes músicos. Passámos a ter orgulho nos sons que por cá se fazem. Nada ficou como antes. Mas José Afonso sempre se preocupou com todos os envolvimentos da actividade musical. Foi solidário. Nos espectáculos que fazia, divulgava os trabalhos dos seus colegas, sugeria leituras, espectáculos teatrais, filmes em exibição nos cinemas.  Gostava de estar com os outros. Sobre o seu trabalho gravado sempre mostrou insatisfação. Nunca ficou contente com o resultado final das gravações. "O som está empastelado", dizia muitas vezes. Enfim, rigores de criador. Agora todos os seus discos estão a ser reeditados. Foram remasterizados. Finalmente estarão a seu contento. A roupagem é a de origem. A estética das capas era também preocupação de José Afonso. José Santa-Bárbara foi o designer de serviço. Mas outros se juntaram ao rol de alfaiates: José Brandão, João Azevedo, Alberto Lopes. Também a teoria foi preocupação. Gonçalo Frota opina e em grande forma. Concluindo: a obra de um grande autor reunida, devidamente apresentada e em registo rigoroso. Quem já tem os discos em edições anteriores pode agora fazer comparações. Notam-se as diferenças à légua. A intemporalidade está realçada. Quem começa agora a conhecer o trabalho deste artista genial, fica assim muito bem familiarizado com as suas criações. Estas canções são para ser ouvidas. Sempre.