domingo, 11 de novembro de 2012

POBRE GENTE RICA | Isabel Jonet está na berlinda. Declarações num programa de televisão colocaram a senhora na boca de cena. Os ataques, os pedidos de demissão e a divulgação de outras declarações infelizes da banqueira alimentar fervilham nas redes sociais. Estou perante uma situação em que não concordo com nada do que é dito e pedido. Não concordo com Jonet, é claro. Mas pedir que se demita não é flor do meu bouquet. O problema é ideológico. Estas organizações são sempre coordenadas por pessoas sem dificuldades que gostam muito de ajudar quem está em dificuldades. São os chamados "bem nascidos" em prática de caridade. Fernando Ulrich, um dia que se reforme também poderá inscrever-se nas acções de ajuda às portas dos supermercados. Borges também. Eugénio Fonseca, muito indignado, em defesa da doutora Jonet, avançou com a certeza de que não há um único governo que resolva os problemas da pobreza sem as ajudas destes voluntariados. Podiam simplesmente reconhecer o erro e corrigi-lo. Mas não. A falta que os pobrezinhos fazem para sermos bonzinhos. Nas redes sociais não falta quem saia em defesa de Jonet  e da ideia protectora dos pobrezinhos como coutada privada.
Esta feira de comentários, parecendo razoável vinda de quem gosta muito de ajudar, não o é. São chocantes vindas de quem dirige estruturas públicas. Repito: o problema é ideológico. A direita nunca esteve interessada em combater a pobreza. É a sua natureza conservadora. À direita interessa este estendal. É por isso que eles acham que o povo aguenta o que aí está e muito mais. Estas pessoas são assim e é nestes lugares que dão brilho à sua bondade íntima. Nada a alterar. Pobre gente rica.
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