NOVOS VELHOS AMIGOS | Ontem encontrei um amigo que não via desde os tempos de outras crises. Já nem nos lembrávamos de quais. Mas conversámos como se nos encontrássemos todos os dias. Disse-me que me encontra diariamente por aqui. Não concorda com tudo mas, por isso mesmo, sabe que continuamos às voltas das preocupações de sempre. Leu um livro que mencionei e trocámos umas ideias sobre o assunto. Falou-me de um problema de saúde que o agride. Senti tudo a desabar. Mas ele pareceu mais preocupado com o que nos agride a todos. Isto está lindo, está. E lá voltava às minhas sentenças no blogue. Sei que não mereço esta atenção - o que aqui desabafo não passa disso mesmo: desabafos de circunstância. Mas soube bem falar com alguém que percebe quando as amizades rolam apesar das distâncias. Estes novos meios de comunicação permitem um aconchego diferente, mas não substituem o toque, o sorriso, a palavra viva. Cada vez mais encontramo-nos menos. Claro que também é bom ficar em casa, mas perdeu-se a sensação boa de sabermos onde encontrar toda a gente. Estávamos lá todos. Tropeçarmos uns nos outros era a coisa mais normal do mundo. Os livros, os filmes, os copos, as ideias, os petiscos, as discussões, pairavam por ali. Que saudável que aquilo era.
Este encontro de ontem, ocasional, aparentemente sem nada de especial, soube-me a uma grande festa. Uma grande gala que celebrou a amizade. Aconteceu ao virar da esquina. Uma história simples. Um grande acontecimento.
O abraço de sempre para ti, amigo.