AGOSTINHO FERREIRA | Este senhor completa hoje setenta e cinco anos de existência. Uma existência que dedicou ao seu ofício de sempre. É um dos melhores profissionias da história das artes gráficas em Portugal. Passou para as delicadas transparências muitos trabalhos meus: cartazes, brochuras, capas de livros, tudo o que o trabalho exigia. Foi desenhador gráfico. Um mestre. Hoje a sua profissão não existe. A revolução informática encurtou distâncias, e prescindiu de profissões de gente que as exerciam com toda a precisão. Tudo mudou. Hoje, o designer ou o art director podem resolver e completar ideias no desktop do seu computador. Mas Agostinho percebeu tudo e, conhecedor de todos os ofícios da actividade, abraçou outras tarefas com igual empenho e competência. As revoluções não lhe metem medo. Não fosse ele um homem de esquerda, sempre disponível para todas as mudanças que dão força e razão à evolução da humanidade. Homem de grande consciência política, rejeitou a ditadura de Salazar e combateu-a. Fez teatro amador, foi animador de colectividade, amigo dos amigos. Leitor entusiasmado, aproveita o tempo que a merecida reforma lhe concede para devorar as páginas em que procura prazer e conhecimento. É um prazer conhecer este homem. Um grande senhor que hoje acrescenta mais um ano a uma existência de se lhe tirar o chapéu. Parabéns, senhor Agostinho. E obrigado por tudo.
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