segunda-feira, 23 de julho de 2012


PARA ACABAR DE VEZ COM ISTO TUDO | No dia em que o caso "doutor Relvas" se tornou assunto, vários jornais noticiavam com grande alarido quanto custa manter a RTP. O ministro avançou com um número extraordinário: o suficiente para se construírem dois hospitais. Mário Crespo, no seu consultório, na SIC-N, acenava com a receita a todos os convidados em atitude de grande proselitismo contra a televisão pública. Relvas diz agora que quer ficar no Governo até ver a estação nas mãos de privados. Um herói, este doutor. As atitudes de Relvas, de Crespo e de outros responsáveis pela comunicação social que nos agride, sabem que estes números vencem junto da população. E claro que não estão interessados em esclarecer a diferença entre o cu e as calças. Se estes arautos das estratégias de poupança se lembrarem de atirar para os olhos da populaça com os gastos do Estado em certos sectores, ainda assistimos a um levantamento popular a favor do Governo e  de todos os trogloditas que dispensam o conhecimento exterior aos concursos televisivos e teatradas comerciais. Não quero dar ideias, mas aqui para nós que ninguém nos ouve, que tal acabar de uma vez por todas com os apoios à produção cinematográfica, ao Teatro, à Ópera, às Artes Plásticas, ao Bailado, à Edição, a toda a criação artística? Podia-se mesmo extinguir a Direcção Geral das Artes, já que o Ministério da Cultura já marchou. Para contentar o povo não bastam os concursos e as telenovelas nas televisões privadas? E os concertos de supermercado de Tony Carreira não chegam para a malta dar ao pezinho? Para quê andarmos a gastar dinheiro com insuportáveis intelectuais? Daqui por uns anos teremos um país habitado por gente rude e ignorante, mas cheia de saúde, assistida por um hospital em cada esquina. Os efeitos da fome, e das depressões provocadas pelos arautos do novo paradigma, bem precisam dessa assistência. Afinal, estes doutores da mula ruça só querem tratar da saúde do povo. Bem hajam.