terça-feira, 19 de junho de 2012

O CÍNICO E O PRIVADO | O tratamento dado por alguma imprensa aos mais recentes resultados eleitorais - França e Grécia - é todo um tratado de comunicação. Os comentários vão maioritariamente no sentido do alívio - Grécia - e preocupação - França. Na Grécia ganhou quem mal se portou. Em França vence quem rejeita nitidamente a anulação do investimento público. Os comentadores do costume e de costumes, sempre muito razoáveis, acham que o que aconteceu na Grécia permite manter a moeda europeia e ainda a futura convivência com a festa dos mercados, esses cínicos sem rosto. Já França caiu nas mãos dos mais terríveis malfeitores. A solução está na eliminação das gorduras (parece que é assim que se define tudo o que está a mais, incluindo as pessoas que trabalham na função pública), e criar um intenso e precioso mundo empresarial privado, capaz de alavancar (outra feliz definição), o ritmo da economia. Esta gente que insiste em eliminar pessoas em nome dos mercados, ainda não esclareceu como vai ser a relação economia/consumidor, numa sociedade onde ninguém tem dinheiro para nada, porque grande parte dos possíveis consumidores está sem emprego. Gente da política e comentadores da dita continuam rendidos a esta economia de caderninho de contas de despensa. Atitudes, precisam-se.
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