quinta-feira, 28 de junho de 2012


CIDADES SEM QUALIDADES? | Muitos habitantes da cidade de Setúbal ficaram muito chocados com os resultados de um inquérito que coloca a cidade como a pior do deprimido Portugal. Vejamos. O resultado baseia-se em declarações de pessoas que habitam na cidade, é certo. Uma conclusão assegura que os habitantes preferiam morar noutro local da cidade ou no campo. Mas que "outro local" é este? E morar no campo é, em qualquer parte do mundo, opção preferida por muita gente. Não é pelo mau comportamento de uma cidade que esse desejo surge. O estudo dá ainda conta desta curiosa revelação: o centro urbano que menos agrada, logo a seguir a Setúbal, é Lisboa. Não duvido da seriedade e credibilidade do trabalho da DECO. Mas tenho a comentar o seguinte: Em momentos de crise, como é o caso da situação actual, as cidades, que têm pessoas lá dentro, são alagadas pela tristeza. Um fado que entoa pelos seus centros históricos, onde o comércio está instalado, provocando ambientes de desolação e abandono. A culpa destas situações não é dos seus habitantes, autarcas ou comerciantes. Estas crises não foram escolhidas por nós. Não conheço os inquiridos. Se calhar preferiam grandes zonas comerciais em desfavor da recuperação do que deveria ser o verdadeiro centro de comércio. Provavelmente é uma nova cultura urbana que tem de ser sugerida e assimilada pelos frequentadores das cidades. Os Centros Históricos (assim, com maiúsculas e tudo), precisam de recuperação e classificação com muita urgência. Há excelentes exemplos por esse mundo fora. Concluindo: Vivo entre as duas piores urbes do País. É em Setúbal e em Lisboa que trabalho, estudo, como, bebo uns copos, convivo, durmo, acordo, e faço outras coisas que não são para aqui chamadas. Não me dou mal com a vida que levo nestas duas terras que adoro. Queixo-me da crise, de quem me deve e não paga, da violência fiscal do Estado e da gentalha que governa e vibra com a austeridade aplicada aos outros. São estes enleios que tornam as cidades mais tristes. A violência é filha da mesma besta. O estudo que tanta indignação provocou entre os meus conterrâneos vale pelo que interpreta, mas não é presságio nem deve ser classificação sociológica. Borrifem-se nesta notícia, meus amigos. As cidades em que vivemos têm de ser habitadas pela nossa alegria.
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