MUDAR | Mário Soares e Ana Gomes dizem que Portugal vai ter de mudar de políticas. A mudança em França sugere novas atitudes. Ana Gomes diz mesmo que é o Governo de Portugal que deve mudar. Quem sou eu para comentar opiniões de tão experimentados políticos, mas não resisto a alinhavar alguns reparos. Pedir ao dr. Passos para mudar assemelha-se a obrigar o escorpião a mudar de natureza. É provável que, por distracção ou conveniência, Ana Gomes e Mário Soares esqueçam que Pedro Passos Coelho desenvolveria estas políticas mesmo sem intervenções externas. Está escrito. O homem lançou um livro, em Janeiro de 2010, com um sugestivo título: Mudar. Foi apresentado com pompa e com a presença dos ilustres do PSD. Todos ansiavam pelo Poder. Salivavam. O livro foi editado pelo actual secretário de Estado da Cultura, na Quetzal. Um envolvente encontro de amigos, portanto. Ora, passado esse tempo de ansiedade, a mudança está em curso. É esta, a que Passos nos impõe, e não outra. Não é de braço dado com Coelho que se mudam as políticas, mas sim mudando Coelho. Esse cozinhado está, pelo que parece, adiado pelos eleitores que continuam, segundo as sondagens mensais, a permitir Coelho na cozinha. Hollande é uma esperança. Mas deixemos-nos de ilusões. É com a definitiva recusa do neo-liberalismo que a vida de todos nós pode mudar. Estas políticas apenas se preocupam com a vida dos que já estão bem. É inevitável. É a livre iniciativa, dizem. É de outra iniciativa que precisamos. Urge. O tempo foge.
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