sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012



Imagens da peça Valparaíso, a partir de texto de Don DeLillo, pelo TAS

LIBERDADE QUERIDA E SUSPIRADA
| Isto da liberdade de expressão tem muito que se lhe diga. Que o diga o responsável pelo silenciamento de Pedro Rosa Mendes. Lá mandar acabar com a prestação do escritor por causa da sua opinião não mandou, mas sempre foi dizendo, a bem da liberdade de expressão, que não gostou da última crónica. Não gostou de ouvir chamar não sei o quê a não sei quem. Ainda bem que existe liberdade de expressão que permite aos contratantes não concordar com as opiniões divulgadas nos meios de expressão pelos contratados. Assim é que devia ser: depois de cada crónica ditada, surgia a voz do responsável da entidade divulgadora a ditar de sua justiça. Ficava ali tudo esclarecido. Todos ficávamos ansiosos por saber as opiniões dos directores das estações divulgadoras. Mas há sempre uma solução que poderia ser aplicada sem provocar grandes chatices aos senhores das direcções radiofónicas: Contratavam-se como opinadores os chefes de gabinete dos ministros, dos secretários de Estado, dos administradores de empresas públicas, e botavam-se microfones à frente das sapientes beiçolas das criaturas. Era um descanso. É que isto de arranjar gente para dar opiniões é uma seca e nem sempre acaba bem. Que o diga o senhor que dirige aquela rádio onde opinou Pedro Rosa Mendes. A cada um o seu ditado, desde que quem manda e paga esteja de acordo e goste do dito. Enfim, confesso que já estou farto desta conversa ditada. Quem me mandou a mim permitir comentários destes neste espaço divulgador. Esta mania das democracias...
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