sexta-feira, 4 de novembro de 2011



O BAIRRO | O Bairro Alto, em Lisboa, é ponto de encontro e diversão para muita gente. Eu sinto-me lá bem. Almoço e janto com frequência por aquelas bandas. Os restaurantes de qualidade espreitam nas velhíssimas fachadas. O Fidalgo preenche-me os apetites. O Papa Açorda também, quando a bolsa se apresenta mais generosa. O Esperanza, o Caracol e mais um ou outro também fazem parte do rol. O Frágil continua de pedra e cal, e o NovaTertúlia permite convívio bem agradável. O Fado também lá mora e faz boa companhia. Recentemente, a Câmara Municipal resolveu encetar guerra aos horríveis grafites. O casario ficou muito mais composto. As ruas ficaram mais limpas. Quando tudo parecia estar no bom caminho, surge uma praga que ameaça a limpeza e a segurança dos frequentadores: as chamadas lojas de conveniência. Cerca de doze destas lojecas manhosas já conspurcam a paisagem do Bairro. Fornecem cervejas de litro, vinho barato, e outras bebidas espirituosas capazes de causar a grande bebedeira sem grandes custos. Os utensílios abandonados jazem no chão, ou voam por cima das cabeças quando as litradas já transbordam dos corpos. Depois, os alegres convivas invadem as instalações sanitárias dos bares e restaurantes que, por pagarem impostos mais salientes, têm de vender as bebidas a preços mais elevados. O horário destas inconvenientes lojas é livre. A Câmara Municipal já impôs um limite para o funcionamento: Encerramento à hora do comércio tradicional. Os inconvenientes "comerciantes" reagiram com uma providência cautelar. Agora está tudo como dantes. Um mercado sem qualidade existe em paralelo com outro que é exigente. Os verdadeiros comerciantes do Bairro Alto estão carregados de razão. Agora esperam que a Justiça actue. Entretanto, muita garrafa de vidro vai rolar por aquelas ruas. É mau. Muito mau.
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