quinta-feira, 7 de abril de 2011



O POTE | Não me assiste a mínima intenção de votar no PSD. Mas como o raminho da jarra do Poder está na mesa da direita (só um entendimento PSD/CDS se apresenta como provável), a oportunidade de mostrarem serviço está aí. Toca a arregaçar as mangas. A direita nunca governou em dificuldades. Só na abundância. Sempre chegou ao pote nos bons momentos. Exceptuando aquele período em que Mário Soares deu o braço a Mota Pinto. Esta crise tem responsáveis: quem governou durante os últimos vinte anos como se não houvesse amanhã. Ou seja, todos os que foram achando que poderiam fazer um figurão sem a necessidade de cumprirem reformas estruturais. As torneiras estavam abertas. O pote transbordava. Tudo era possível. Estado e sociedade civil aliaram-se nas alegrias do "capitalismo popular". Esta foi a bonita expressão que inundou o comentarismo profissional no tempo de Cavaco primeiro-ministro. Houve quem comprasse tudo o que a vista sugerisse. Bastava ir ao Banco. Ou pedir umas massas a um programa de apoio europeu. O resto não interessava para nada. Bastou uma recaída das oportunidades americanas para que o grande bacanal fosse surpreendido e denunciado. Os verdadeiros culpados continuam a ditar sentenças. Mas agora já não dá para iludir os problemas. Dizem alguns (muitos dos que usaram os aventais da despensa), que a culpa é do sistema. Pois é. Mas que sistema propõem? O conforto sem regras minou as mentalidades. As atitudes ditaram o paradigma. Esse desleixo vai ser agora pago. Com língua de palmo. Será que vamos aprender alguma coisa? Agora é a doer. Não temos outro remédio.