terça-feira, 28 de setembro de 2010



"MÉTODOS" DE ENSINO
| Li hoje, num jornal gratuito, uma queixa curiosa. Um pai denuncia atitude pedagógica de uma professora. A senhora alterou uma redacção desta maneira: o aluno escreveu "pessoas houve que fizeram" e a professora corrigiu para "pessoas houveram que fizeram". Lamentável, de facto. A professora deveria frequentar um curso intensivo de português técnico. Mas esta crónica do pai indignado recordou-me um episódio da minha infância que ainda não esqueci. No exame da 4ª classe (isto passou-se na segunda metade do século passado, é claro), um examinador interrogou-me sobre o aparelho respiratório. Eu levava tudo na ponta da língua. Aquilo resolvia-se com marranço e deduções lógicas. Mas eis que surge uma tenebrosa pergunta não prevista no meu rol de documentação: "Deve-se respirar pelo nariz ou pela boca?" Não me lembrava de tal coisa ter sido abordada nas aulas do professor Santos (competente mestre-escola, pai da ex-deputada do PCP, Odete Santos), resolvendo eu responder que era pelo nariz, já que não achei grande jeito andarmos por aí a respirar de boca aberta. Erro. "Nada disso", responde o perguntador: "Então pela boca não entra mais ar?!", justifica indignado. E aqui está a única mancha no brilhante exame que encheu de orgulho os meus pais. Uma coisinha tão simples e óbvia, e eu não a sabia. Ainda hoje me lembro da cara do ignorante que me examinou. Estas coisas marcam-nos.