Um jornal gratuito noticiava hoje na primeira página a falta de formação, competência e educação dos portugueses. Percebe-se que é isso mesmo que falta quando a classe política discute os problemas nacionais acusando-se à desgarrada de faltas de carácter e de vigarices de se esconder a carteira, como se isso fosse suposto ao invés da discussão séria e educada. Depois também temos o pobre povo. Pobre e burro que, perante casos graves de acusações de corrupção, ornamenta logo o prolixo imaginário de anedotas sem graça.
O caso que agora arrastou Armando Vara para a lama é claro. Independentemente da ausência de provas que o acusem, o povo, que não lê jornais e na televisão só vê concursos, ilustra o calvário do homem com a sua delirante e alegre imaginação. É preciso arrasar. São todos iguais. Para baixo é que é caminho. Por outro lado, corruptos comprovados são votados e eleitos.
Não são as desconfianças e acusações que estão em causa. Não tenho encomenda de Vara para a limpeza do seu nome, nem ele precisa deste breve post para nada. Mas, o rol de piadas em redor deste caso que inundam as caixas de correio electrónico e animam as conversas de tasca, são de perder a paciência. O bom povo português diverte-se à grande com a desgraça dos outros. A anedota é o seu maior esforço intelectual. Na classe política também temos cromos que bem podem ir conviver para o recinto da anedota. As declarações da dirigente máxima do PPD/PSD andam lá perto. Portugal arrisca-se a não passar de uma anedota. A mediocridade é bandeira.
António barreto será catastrofista, mas tem razão em muitas das suas preocupações. Portugal não deixará de existir, mas existe mal. Muito mal mesmo.