domingo, 19 de julho de 2009
Cabemos cá todos
Vamos lá a ver: O facto de o dr. Jardim defender o restabelecimento de uma ditadura (nunca se incomodou com a do anterior regime, fazendo mesmo parte dela), não quer dizer que se esteja de acordo com as premissas sugeridas pelo PCP. Independentemente de o PCP ter tido papel de monta no combate ao fascismo português, não o autoriza a fazer a apologia de regimes obsoletos e infrequentáveis. É no terreno político que o combate se trava. E não é disso que se queixa o soba. Jardim prefere a sua maioría absoluta. O homem do Funchal enquadra-se melhor num retrato com os presidentes da Venezuela, da China e da Coreia do Norte do que com os responsáveis de qualquer democracia razoável. Ninguém imagina Jardim governar com maioria relativa. Estes seus gritos de revolta são turismo político. São coisa sazonal proferida depois de almoço. Parece que resultou. Toda a gente fala das boutades do líder regional e nacional do PSD, excepto a presidente do partido. Mas deixemos isso por agora. Jardim inclui na limpeza o Bloco. Não há comparação. O Bloco de Esquerda não frequenta a mesma taberna. Não defende os ditos regimes e não exibe tiques de incompreensão do regime democrático. O BE incorpora "desempregados" de organizações que também andaram lá perto, mas sofreu uma renovação que o refrescou politicamente.
Quanto ao proibicionismo, não muito obrigado. A Constituição proíbe o fascismo. Isso não impede os fascistas de se organizarem em partido e de concorrerem a eleições. A votação que conseguem é ridícula. Fixe. A paisagem democrática é como é: composta por partidos que representam eleitores. Cabemos cá todos. Mesmo que as nossas ideias não agradem a toda a gente. É assim que deve ser. É a vida.