Odeio anedotas. Não só aquelas que se movimentam por aí munidas de duas pernas, mas também as que se verbalizam à porta da caserna. Também começo a não ter pachorra para o humor profissional, daquele que ri submerso na espuma dos dias e factura como gente séria. Ontem, movido pelo interesse no espectáculo que os Artistas Unidos estão a mostrar no Teatro Nacional, dei com uma festarola de gente que passa a vida a rir e a quem pagam para isso. O pessoal do Jorge Silva Melo não tem nada a ver com isto. A peça, "Esta Noite Improvisa-se" de Pirandelo, é do melhor que vi em teatro nos últimos tempos. A dita festarola não passou da entrada do Teatro e era desempenhada por convidados de uma qualquer marca para espectador televisivo olhar. Também se percebeu que os actores em causa não desempenham propriamnente os papéis da excelência. Mas confesso que nem estes, nem os mais exigentes me embalam e fazem esquecer a penúria dos dias que correm.
Deve ser da idade. É que hoje completo mais um ano de existência.
Pessimista, portanto.