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Deambulatório
Che - Nunca usei t-shirts do Che, nem lenços palestinianos enrolados à volta do pescoço. Usei, isso sim, presos na lapela do casaco, uns cráchas com o perfil do Lenine e do Marx, redondos e brilhantes como rebuçados de fruta, trazidos pela tia Dé da União Soviética. Saía de casa, a caminho do liceu, com eles enfiados no bolso e só os colocava na gola do casaco no elevador. O meu pai, a quem a revolução dos outros deixou marcas amargas, não apreciava a minha admiração pelo comunismo da tia Dé. Volta e meia, quando a dor que trazia por dentro lhe amarinhava pelo corpo, olhava-me com ódio e mágoa.