domingo, 16 de novembro de 2008

Voz dos pacientes

Aos domingos, as opiniões dos pacientes que vão chegando via correio electrónico.
Caro Teófilo,
Neste mundo da blogosfera, vou sendo teu leitor - se não diário, quase! Obviamente, nem sempre concordo com o que pensas, mas isso é normal. Estarás de acordo comigo quanto às concordâncias e discordâncias...
Li o teu postal de domingo em que escreves sobre os professores. Lamento o tom com que desabafaste, assim como lamento as experiências que lembraste e que, provavelmente, serão apenas uma amostra. Mas é aqui que me centro: o que contas, meu caro Teófilo, não pode ser instituído como norma, que é o que fizeste.
Também sou pai e também consigo prever as atitudes dos meus filhos em dose qb, quando estão em ambientes também frequentados por mim. No entanto, quando em ambientes outros, não sei se reagem da mesma maneira; aliás, sei - normalmente, são diferentes (não digo "piores" ou "maus", digo "diferentes"). Também sou professor e sei que o que dizes, podendo ser verdade nos casos que apontas, não faz regra. Essa é que é a verdade.
Não reajo em termos corporativistas. Reajo apenas como professor que sou, com muito gosto relativamente ao trabalho com os alunos, mas com muito desgosto quanto à imagem que foi trabalhada para o exterior a fim de serem conquistados públicos que, em muitos casos, não querem saber da escola para nada. Valerá a pena pensarmos na quantidade de pais que só dão à escola a importância do tempo de ocupação e nada mais... e tu, que andaste pelas associações de pais, sabes isso bem.
Não gostei dos termos em que generalizaste as tuas apreciações quanto aos professores. Não me revejo nelas, de todo. E também não vejo nelas a maioria dos professores que conheço. No entanto, não afirmo que os professores são todos bons, porque seria hipocrisia. Tanta como dizer o contrário!
Obviamente, tem havido comentários relativamente à Ministra da Educação tão vulgares e faltos de credibilidade (próximos da história dos ovos de Fafe) que repudio. Absolutamente. Mas também sei que o achincalhamento não é o tom por que opta a maioria dos professores. E, como sabes, as minorias valem o que valem e os casos isolados, esses, provavelmente, não valem nada, a não ser a resolução no imediato.
Este é também um desabafo. Que nem precisa de resposta.
Aceita um abraço e a teimosia de leitor do
João Reis Ribeiro | Nesta hora

Cirurgião de serviço - Caríssimo João: O meu desabafo não pretende generalizar. Contei dois casos que vivi, na minha experiência próxima como pai. Não o relativizo como comportamentos circunstanciais dos alunos e das diferenças que manifestam em casa e na escola. O que se passou, passou-se comigo, ponto. Teria muitos mais casos negativos para referir, mas não o fiz por decoro. Apesar de as excepções que vivi terem sido bastantes, concordo que não se deve generalizar. De qualquer forma contribuiram para não me comover com as exibições de boçalidade por pessoas que educam os nossos filhos. Até já vi um pobre professor ameaçar o primeiro-ministro com um processo judicial, por questões de lana caprina. O que digo não se refere, como é evidente, apenas à minha experiência pessoal. Acho que os professores devem ser avaliados, tal como eu o sou diariamente, no meu trabalho. Se não provar saber fazer não faço e não recebo. Ouvi professores, exaltadíssimos, denunciarem que, houve uma semana em que chegaram a trabalhar 49 horas para corresponderem à avaliação. Eu trabalho muito mais do que isso todas as semanas. Em que mundo vive esta gente? E não me venham com a tanga de que o que está mal é o método proposto. Claro que é normal haver adaptações ao método de avaliação. Mas os dirigentes sindicais não querem qualquer avaliação. Tu sabes isso, João. Provavelmente estão mais de acordo com a decisão do inefável Alberto João Jardim, na Madeira. O vosso dirigente Nogueira não encaixa em democracias que reconhecem medidas governamentais. Quanto pior o Ensino estiver, melhor para ele. Sabemos isso, não sabemos? O pior é que os professores vão a reboque do homem do bigodinho. E ele não se importa nada de levar a coisa a extremos. É o que acontece quando é a CGTP a ditar as regras. Não queria estar na vossa pele. Nem da da ministra. Um grande abraço. Volta sempre. JTD