Sobre a condenação de Mário Machado e seus companheiros ouvi falar o próprio, o líder do PNR (que nem sequer era réu neste processo) e o advogado de defesa. Esperei que alguém quizesse ouvir o Ministério Público e o único assistente neste processo, que sou eu. Não me queixo de falta de tempo de antena, mas julgava que uma das regras do jornalismo era ouvir as duas partes. Quando um julgamento acaba, geralmente ouvem-se os condenados e aqueles que contra eles se queixaram. Em 24 horas o meu telefone não tocou nem consta que alguém tenha querido ouvir a minha advogada. Assim, no momento da condenação de Mário Machado os jornalistas preferiram transmitir apenas um comício para repetir uma mentira: que eles estavam a ser julgado exclusivamente por o crime (e é crime) de descriminação racial. Quem estava no tribunal eram os condenados e, ao que parece, dá um trabalhão fazer mais do que mover um microfone para próximo da boca de quem está presente.
Daniel Oliveira Arrastão