domingo, 14 de setembro de 2008
Sem mais comentários
O João já disse tudo. Eu limito-me a repeti-lo:
Cristiano Ronaldo quis ir à Madeira, sua terra natal, para receber uma "bota de ouro". Parece que tencionava homenagear, a título póstumo, o pai. No aeroporto, ignorou os compatriotas que o foram saudar à chegada. Ontem, à porta do hotel onde foi coroado como tal, o "bota de ouro" fez esperar em vão umas dezenas de madeirenses orgulhosos por o pé que calça a "bota" ser um dos seus. Ilusão deles. Mais uma vez, Ronaldo só estava disponível para o que o esperava lá dentro: o sr. Horácio Roque e as televisões. Babaram-se uns para os outros porque, naturalmente, estão muito bem uns para os outros. Ex-pobre (e não há nada pior do que um "ex" qualquer coisa), imaturo e ignorante, o "bota de ouro" não passa de um deslumbrado com talento nas pernas. Nas três pernas, a avaliar pelo galinheiro que cacareja permanentemente atrás dele nas revistas da "especialidade". De resto, o dinheiro encarregou-se de destruir o menino que jogava na rua com os vizinhos cuja alegria se quis manifestar junto dele e que ele, moldado pelo espectáculo em que se tornou, se recusou a partilhar. O "bota de ouro" é o expoente de uma certa alarvidade "social" que veio com a democracia. Uma alarvidade que brilha tanto ou mais do que o ouro da bota. E que costuma acabar tão surpreendentemente como começa.
João Gonçalves | Portugal dos pequeninos