terça-feira, 1 de julho de 2008

Superioridade imoral

Mário Crespo (SIC-N) convidou Francisco Simões para falar como ex-comunista. o "mestre", como simpaticamente Crespo o tratou, teve a soberana lata de vestir esta pele. Já perceberam que não sou admirador da figura: como artista não me provoca nem um discreto esgar do olhar; intelectualmente é uma nulidade.
Ainda pensei que a conversa pudesse ter algum interesse. Já que alguém se dispõe a representar este triste papel, que o faça com dignidade. Que assuma a expulsão como uma contrariedade entretanto recuperada pela lucidez de uma nova atitude. Nada disso: o homem está perturbado com a negação de que foi alvo. A entrevista limitou-se a uma inenarrável "manteiguice". O discurso está carregado das incongruências de há 20 anos. Nem percebo a expulsão. Mas agora acho-a justa. Ninguém quer nas suas fileiras untuosos egocêntricos.
Às tantas lembrei-me de um outro ex-comunista que, não usando o rótulo de excluído, em entrevista a Carlos Vaz Marques, na TSF, dizia aqui há uns meses, que neste momento não é comunista e lamenta ter por lá andado durante demasiado tempo, porque há muito que não fazem sentido aquelas opções. Esse ex-comunista é Mário de Carvalho. Sei que comparar as duas figuras não é razoável. Mário de Carvalho não é "ex" coisa nenhuma. É um grande escritor que agora interpreta as suas anteriores opções de outra forma. Mudou e assume-o. Simões continua sem perceber nada de nada.